We’ve updated our Terms of Use to reflect our new entity name and address. You can review the changes here.
We’ve updated our Terms of Use. You can review the changes here.

Di​á​rios de Chuva

by Antíteses

/
1.
Lúcido 02:05
Eu olhei pro mar em busca de respostas a maré entrou no meu ouvido e bagunçou tudo ideias se espalharam com o baque das ondas e tudo parece tão claro que agora eu vejo o sol a lua e a terra dançam em sincronia ah meu Deus tudo agora é tão lúcido nunca pedi pra ser nunca quis nem vou ser tão lúcido. como neste momento que se esvai
2.
luzes que cintilam etéreas como neve caem sobre os meus olhos me fazem sentir leve a vida vai mostrar como esses momentos breves definem quem tu és definem o que tu queres a essência do teu ser reside em segundos fugazes que fogem entre os dedos ao tentar alcançar-lhes decore os teus medos guarde-os em segredo concretize tua vontade sem mais sonhos pela metade alma foi feita pra chorar alma feita pra transbordar manchando teu bordado alma foi feita pra sorrir alma feita pra transgredir os medos do passado alma feita para viver alma feita até pra sofrer a sina de existir
3.
valsas debaixo da chuva casais dançando pelas ruas e eu aqui perdido em acordes e versos e pensamentos dispersos não estou só aqui me restam as frases de efeito e uma certeza no peito estou bem aqui olhando a chuva, que cai sem cessar de olhos abertos, a imaginar quantos lugares poderia alcançar com estas palavras que insisto em gritar cantem tuas dores cantem teus temores tuas incertezas acerca do que ainda há de vir cantem alegrias cantem agonias a plenos pulmões o sol ainda há de raiar ouço o vento na minha porta batucar como um refugiado eu deixo ele entrar vasculha meus papéis em busca de atenção e vai se esconder dentro do meu violão a chuva açoita minha janela a esperar que também eu a convide para entrar mas ela mal sabe que já está aqui nestes diários que escrevo, ela vai dormir gritos ressoam nas ruas despedidas minhas e tuas quem há de ouvir? a falta de compreensão mora em teu coração vamos convir são nesses dias de chuva que me entendo de verdade sou eu quem está aqui olhando a chuva, que cai sem cessar de olhos abertos, a imaginar quantos lugares poderia alcançar com estas palavras que insisto em gritar cantem tuas dores cantem teus temores tuas incertezas acerca do que ainda há de vir cantem alegrias cantem agonias a plenos pulmões o sol ainda há de raiar
4.
eu ainda guardo os bilhetes que tu deixou grudados na parede para eu nunca esquecer que aqui o amor esteve mesmo sem ninguém saber ele tocou nossas almas e ninguém nunca pôde ver carrego em meu semblante o riso que lhe roubei que ressurge ao olhar tua caligrafia esguia e as poucas palavras doces que tua boca proferiu e escorreu entre os teus dedos marcando a ferro, a pele essa dança já deu o que tinha que dar a lembrança dos teus olhos vai me guiar meu amor, não olhe para trás isso eu muito já fiz, e só lembrar não traz mais paz a porta que estava aberta, parece que já fechou mas sei que o fim relativo pois muito ainda restou, restou a ser resolvido restou a ser acertado, e quanto mais a gente nega mais parece destinado por mais clichê que soe é difícil de esquecer posso abrir mão de meus versos, mas nunca de você... essa dança já deu o que tinha que dar a lembrança dos teus olhos vai me guiar
5.
Sentiventos 04:40
eu não posso me esconder do que eu mesmo escolhi ser passos na areia definem meu querer se desfazem com o vento que só pode me acolher já me basta de guardar sentimentos em gavetas relembrando o gosto antigo do que um dia já foi meu promessa como água, que entre os dedos escorreu e o sol reflete em mim uma nostalgia sem fim uma propagação de medos que um dia compartilhei mas mantive em segredo, como se desse reino fosse eu rei sentiventos e mudei o sentido da minha rota quem sabe eu naufraguei sentiventos respirei não são mais as mesmas águas nem eu o mesmo, eu sei eu não quero mergulhar nessas águas frias tomo mais um fôlego antes de afundar nesses mares afetivos que não posso desvendar e eu já vejo as estrelas com seu brilho fosco como olhos celestiais que julgam meu caminhar eu vivo de caminhos os quais não posso contornar você me diz: "Tu deveria ser feliz" se minhas canções te enganam pois muito que bem eu canto a tristeza pois é o que convém. poucos são os que entendem que não se pode apenas rir e que às vezes a maior graça está em admitir que o nosso maior conforto, está em ser de carne e osso sentiventos e mudei o sentido da minha rota quem sabe eu naufraguei sentiventos respirei não são mais as mesmas águas nem eu o mesmo, eu sei
6.
fecho os meus olhos pra fingir que não ouço o relógio tiquetaquear em cima da mesa ainda os restos de comida do que eu não comi no jantar focos de atenção dispersos em acordes que ressoam em meu violão e as palavras voam como pássaros sem asa que insistem em cantar olho no espelho para verificar, se sou eu mesmo, que ainda está lá tanto tempo eu passei somente a cantar por três anos eu dormi é hora de acordar os lençóis desarrumados e o café a esfriar o tempo passa por mim como um sonho que não tem fim em notas que tento recordar mas o vislumbre delas me atordoa e cega então deixo o momento passar e num relance mudo eu vejo esses vultos que parecem comigo falar em forma de lembranças como numa dança, todos começamos a rodar tudo que eu escrevo me parece tão familiar (quem sabe eu esteja lá) tanto tempo eu passei somente a cantar por três anos eu dormi é hora de acordar os lençóis desarrumados e o café a esfriar
7.
fiz minha morada nos teus braços de vidro no teu peito conturbado nesse caos indefinido na tua mente indecisa tão imprecisa quanto eu e minhas manias de criar pra mim o meu próprio breu só agora eu percebo o baque surdo do meu peito causado pelo defeito que você criou em mim esse verso descompassado como um sopro alterado são tantas contradições isso tem que ser assim? falo como novidade mas quem sabe tudo sempre foi e sempre será desse jeito e você só abriu meus olhos e mostrou que o sol me cegava nunca pedi pra ser assim eu abri a porta pra te acolher na minha casa e como um parasita tu se instalou em meu peito mesmo sem querer causaste tanto sofrimento e foi a reciprocidade que levou ao nosso fim eu ainda guardo tua carta, tua roupa, teu perfume embalados no suor compartilhado em nossa chama em nossa cama, são tantos "amanheceres" que mal posso recordar esquecer é o melhor pra mim e eu sei que essa dor já vai passar feridas vão se tornar cicatrizes tão efêmeras e as rosas que eu te presenteei vão murchar ao tu tentar resgatar memórias turvas os teus braços imperfeitos já não encaixam no meu abraço a tua boca só destila palavras que me fazem perder o sono toda noite que me lembro do teu rosto em brasa eu não consigo esquecer tudo que você me disse "acho que é muita coisa que ainda vem à tona" nossa estrada bipartida já não pode nos levar ao destino em comum ao menos por um tempo eu não sei se posso caminhar ao teu lado pois assim não nos entendo então eu espero a noite pra que eu durma e nos meus sonhos eu repare o teu riso dia-a-dias tão perdidos nesse mapa dos teus lábios esquecidos na memória desse abraço repartido
8.
Andarilho 04:35
decorei todos os meus trejeitos escrevi todos os meus defeitos só pra garantir que não vou esquecer embrulhei lembranças e comida o que restou da minha antiga vida já posso partir sem me arrepender essa estrada é tão sinuosa dentre os espinhos, não enxergo rosas mas vou caminhar, sem me preocupar já consegui, o que eu queria aqui me cativei por quem se entregou ao mar. mas sou eu quem vai embora agora olha bem, decora a hora, prometo que não demora. velhos discursos me cansaram laços que não reataram o que a divergência já rompeu relembrei todos os teus defeitos recobrei todos os meus direitos pra assegurar as minhas razões enumerei todos os meus crimes temendo que a estrada termine ou então me leve a lugar nenhum já saldei todos os meu pecados tudo aquilo que fiz de errado minh'alma eu limpei, pra poder partir mala nas costas, pés descalços o vento no meu encalço e eu só posso pensar sobre o que vão achar quando eu partir a estrada é minha morada o horizonte minha meta nada vai me impedir de alcançar o que eu procuro mas o que é que eu tanto procuro afinal? sou eu quem vai embora agora olha bem, decora a hora, prometo que não demora. velhos discursos me cansaram laços que não reataram o que a divergência já rompeu
9.
A Valsa 05:04
e se eu te dissesse, caso te contasse a vida parece um eterno dejavu fatos consumados tão coreografados não são espontâneos reflexo do que passou eu já vi teu rosto já toquei seu corpo dancei essa valsa ou será que só sonhei? passos ensaiados já executados os meus pés se movem sem eu consentir na eternidade a vida roda numa sinfonia que nos leva sempre ao mesmo lugar e só nos cabe acompanhar do jeito que a gente pode, e esperar que algo vá mudar. e cada pecado, cada gentileza, e crime cometido voltará pra te assombrar este salão lotado de sonhos reprimidos delírios escondidos não vai parar de dançar por mais que tentemos memso que lutemos o ciclo vai se repetir e a valsa continua mesmo que não acompanhemos e o pó que nos deu vida, a ele nós retornaremos e as gotas reunidas tornaram-se o oceano e o tempo vai ligando os fios que nos fazem humanos na eternidade a vida roda numa sinfonia que nos leva sempre ao mesmo lugar e só nos cabe acompanhar do jeito que a gente pode, e esperar que algo vá mudar. e o tempo vai pintando feridas nessa tela em branco
10.
seu fascínio nunca se prendeu no chão e se voltou para as coisas sem explicação o Sol sempre lhe foi motivo para gastar tardes a fio deixando a mente voar alto e se desfazer em sonhos rarefeitos qual poderia ser a solução para tão grandiosa ambição? ícaro sonhava em voar pr'onde quer que o vento o levar e as chamas que refletem no céu anunciam a queda deste véu tudo o que queria Sofia era entender o que ela via essa eterna sensação de estarmos sempre em outras mãos e quem és ela pra dizer as razões de nosso viver a estrada que vamos seguir as paixões que ainda hão de vir Sofia então amou o Sol na sua imensidão vazia e consternada se calou diante tamanhas maravilhas "e assim como as folhas de outono em sua plena efemeridade não aceito nosso destino nem entendo sua complexidade" filhos de Apolo perdidos em terras onde não se entende essa urgência nos salões de Baco eles se encontraram e viram no outro o que procuravam eles se olharam em meio às vestes que lhes cobriam que lhes despiam as mãos se tocaram lábios esboçaram o mesmo sorriso não mais indeciso ícaro e sofia dançaram a noite inteira ele ainda vestia as suas asas de cera ela o fez voar alto mas não queimou suas asas e disse que entendia a estrela que os fascinava e o vinho entorpecia qualquer outro sentimento calou em suas almas aquele imenso tormento de compreender a nossa vida, ou apenas planar sobre o vento
11.
não me dê mais por-de-sóis pois eu cansei de ter esse horizonte vermelho quero ver o sol nascer noites sem estrelas pra a estrada guiar sem farol de fogo intenso será que vou naufragar? me dê manhãs de luz de fruto e de flor e orvalho emudecendo esse solo já sem cor me dê um gole de vida me mostre um pouco de amor apenas sub-existo nesses tempos sem ardor Hoje eu vou sair de casa sem certeza de voltar gritarei a noite inteira até a aurora raiar vou cantar tantas mentiras até a palavra engasgar povoarei teus sonhos até a escuridão findar. pés descalços a caminhar sem destino pra alcançar lábios secos quero sentir a presença de alguém aqui Hoje eu vou sair de casa sem certeza de voltar gritarei a noite inteira até a aurora raiar vou cantar tantas mentiras até a palavra engasgar povoarei teus sonhos até a escuridão findar. tanto tempo caminhei pra em nenhum lugar chegar tanto solo já gastei e ainda tento me alcançar olho o horizonte e sinto um leve debochar da minha persistência em tentar nos encontrar às vezes na vida a maior de todas as dificuldades não é seguir em frente, mas saber dizer qual é a sua estrada, qual é a sua rota afinal sem palavras pra guiar, sem pegadas pra seguir o que vai te fazer continuar? o que vai te fazer decidir, colocar em tua mente que a fragilidade da tua escolha não é eterna e que toda a dúvida acumulada vai sanar e se desfazer como juras de amor trocadas numa noite de verão siga teus pés, eles vão te levar siga teu peito ele vai te confortar siga sem freios, sem receios tua rota nunca foi pré-definida quem vai poder definir qual é o teu lugar quem aqui vai te dizer pra onde tens que caminhar?
12.
Memorabilia 03:00
abri a porta e a janela só pra esperar tua chegada tu veio e levou tudo me sobrou apenas: nada afoguei todas as mágoas resgatei todas as perdas ressurgi então das cinzas numa enorme labareda me acostumei tanto com isso que só agora percebi tu entrou pela porta mas pela janela foi embora e eu nem vi você partir (já passou da meia noite, tua ausência me consome)

about

Esse álbum reúne diferentes estilos como MPB, Indie, Folk e Alternative, tratando de temas muitas vezes ligados à minha vivência pessoal, mas que também condiz com muitas situações a que todos estamos sujeitos. "Diários de Chuva" trata dos nossos erros e acertos, da necessidade de começar tudo do zero novamente, de se reinventar, de se entender. Fala da forma que eu vejo o mundo, seja dentro do contexto íntimo do meu próprio quarto, seja pelas estradas afora que seguimos durante nossa vida.

Curta a página do facebook para se manter informado sobre este projeto e fazer o download do álbum: www.facebook.com/Antiteses

credits

released March 22, 2013

Creative Commons BY-NC 3.0

license

Some rights reserved. Please refer to individual track pages for license info.

tags

about

Antíteses Curitiba, Brazil

Desamores e chuvas curitibanas,

contact / help

Contact Antíteses

Report this album or account

If you like Antíteses, you may also like: